Indignação, onde está você?
Um dos anciões da política falou duro em entrevista para a Veja. Nada inesperado Apontou para o clientelismo, o interesse em cargos pelo poder e por propinas. A corrupção, enfim. A forma de dizer pode ter sido impactante – e foi-, mas nada muito novo foi dito.
Já não nos surpreendemos. Aí, reside o problema. Só nos incomodamos se a imprensa nos impactar com uma cobertura em overdose de algum caso. Por vezes, nem são casos tão exclusivos ou isolados, mas são eleitos como o assunto. Veja-se o sério, mas, infelizmente, mais freqüente do deveria, caso do pai acusado de jogar a filha pela janela.
Em assuntos relacionados à política, nossa indignação é ainda menor. A imprensa não bate de frente em peixe grande, salvo raríssimas exceções. Tão raras que quase (eu disse: quase) justificam as alegações/justificativas de que tudo não passa de perseguição. Em regra, os casos escândalos ganham alguma atenção ao surgirem, mas são empurrados pelos políticos, pela imprensa e por nós até um fim sem maiores conseqüências. Termina em pizza, como se diz. Coitada da pizza. Uma comida tão boa ser associada com a impunidade.
Até um colega de outro estado que advoga na área do direito eleitoral me disse adorar quando seus clientes estão respondendo a inquérito. Os crimes eleitorais sempre acabam prescrevendo antes da denúncia. Segundo o próprio: “dinheiro fácil”.
Mas não quero me estender pela política. Pergunto-me à vezes onde está nossa capacidade de indignação em geral. Parece que fica só naquilo que nos atinge, ou que se aproxima do nosso meio. Eu soube da bala perdida que atingiu alguém no aeroporto no dia que aconteceu. Provavelmente, poucas horas depois. Só no dia seguinte, li que um bebê morreu, pois uma bala perdida achou sua cabeça. Isto ocorreu em um bairro que eu nem sabia da existência. E não ouvi nenhum comentário sobre o assunto. Mas o caso no aeroporto foi assunto em umas três rodas diferentes.
Mesmo assim, o divulgador da notícia (e nem eu) parecemos indignados de imediato com a bala perdida em si. O que incomodava era ser no aeroporto. Algo na linha egoísta do “podia ter sido comigo”.
Não nos indignamos. Pelo menos, não seriamente. Indignação com eliminação de Big Brother não vale.
O propósito deste texto é bem simples e direto: alertar (como vários outros já fizeram e fazem) para a frieza que a injustiça e desonestidade nos deram. Não quero defender uma postura de lamentações. Se for por mero choro e reclamação, melhor ficar na fria indiferença. A indignação só serve se não gerar lamentos, mas ação. Reflitamos se agimos para mudar as coisas, ou se somos mais um conveniente comodista que alardeia problemas, mas não se abala em combatê-los. Quem sabe – e pior ainda – seja o caso de pensarmos se não somos parte do problema que nos indigna.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Machado era - e é - o Cara
Terminada a leitura de mais uma fácil e agradável história de Luis Fernando Veríssimo (livro: A Décima Segunda Noite). Dúvida sobre o que ler na seqüência. Queria ler “A Volta do Poderoso Chefão”, mas antes pretendo reler O Poderoso Chefão e me deu preguiça de procurar. Afinal, já era tarde, pois a leitura não jurídica só ocupa o tempo de umas dez páginas antes de dormir.
Vou xeretando e vejo um livro paradidático do meu irmão. Contos do Machado de Assis. Bem, considero o cara gênio. Enquanto secundarista, por obrigação e por opção, li alguns três livros dele, apesar de agora não me recordar exatamente quais foram. Lembro do clássico Dom Casmurro e do meu favorito Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Interessante como encerrado o colégio, nossos autores pátrios excepcionais somem. Pretendo mudar isto, peguei o tal livro e li o primeiro conto.
A história de uma amizade dilema entre Magalhães e Oliveira. Vou lendo e vou me tocando que aquilo estava em algum lugar da memória. O jeito declarado de descrever se afastando do romântico para expor o real. O contexto da amizade e do problema nela vivido. Puts, o tal paradidático era meu. Só estava nas coisas do pirralho maior do que eu.
Não muda o propósito simples e já declarado no título desse texto. Praticamente, lugar comum. Mas aqui se trata de uma opinião freqüente pelo fato de ser facilmente sustentável. Machado de Assis era um escritor como poucos. Melhor poucos foram e são como ele.
Mas vou ver se pego um livro novo, pois não sou muito de releituras. Só das por aí ditas "inúteis". Lembrei! Preciso comprar algumas revistas em quadrinhos. Sim, porque Stan Lee é o cara.
Terminada a leitura de mais uma fácil e agradável história de Luis Fernando Veríssimo (livro: A Décima Segunda Noite). Dúvida sobre o que ler na seqüência. Queria ler “A Volta do Poderoso Chefão”, mas antes pretendo reler O Poderoso Chefão e me deu preguiça de procurar. Afinal, já era tarde, pois a leitura não jurídica só ocupa o tempo de umas dez páginas antes de dormir.
Vou xeretando e vejo um livro paradidático do meu irmão. Contos do Machado de Assis. Bem, considero o cara gênio. Enquanto secundarista, por obrigação e por opção, li alguns três livros dele, apesar de agora não me recordar exatamente quais foram. Lembro do clássico Dom Casmurro e do meu favorito Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Interessante como encerrado o colégio, nossos autores pátrios excepcionais somem. Pretendo mudar isto, peguei o tal livro e li o primeiro conto.
A história de uma amizade dilema entre Magalhães e Oliveira. Vou lendo e vou me tocando que aquilo estava em algum lugar da memória. O jeito declarado de descrever se afastando do romântico para expor o real. O contexto da amizade e do problema nela vivido. Puts, o tal paradidático era meu. Só estava nas coisas do pirralho maior do que eu.
Não muda o propósito simples e já declarado no título desse texto. Praticamente, lugar comum. Mas aqui se trata de uma opinião freqüente pelo fato de ser facilmente sustentável. Machado de Assis era um escritor como poucos. Melhor poucos foram e são como ele.
Mas vou ver se pego um livro novo, pois não sou muito de releituras. Só das por aí ditas "inúteis". Lembrei! Preciso comprar algumas revistas em quadrinhos. Sim, porque Stan Lee é o cara.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Quem dera fosse Coluna do Devaneio
Uma ligação por engano. Comum. Nada demais. O que acho massa é quando a pessoa insiste que não é engano. Olha essa:
“Mas não é do telefone do Francisco, irmão do Carlos Tenente que mora do lado da rodoviária?”
Não, Senhora. Você não teria ligado errado?”
“Tá bom, meu filho, desculpe, viu?”
Alguns minutinhos depois:
“Francisco? É a Gerdileusa. A gente tamo aqui..”
“Perdão, Senhora, mas você ligou errado..”. – sou interrompido
Olhe, meu filho, diga para Francisco deixar de preguiça que eu tou ligando pro número que sempre ligo. Chame ele aí e diga que a gente tá esperando.”
Interrompo: “Mas, Senhora, deve estar ocorrendo algum problema, pois este número não é do Francisco”
“É SIM, É SIM, É SIM.”
Ora da discussão ficar madura. Minha resposta: “Não é, não é, e não é mil vezes”.
“Ai é meu filho? Pois diga pro Francisco ir pra China, ora bosta”
Desligou e nunca mais voltou a falar com o Francisco.
Uma ligação por engano. Comum. Nada demais. O que acho massa é quando a pessoa insiste que não é engano. Olha essa:
“Mas não é do telefone do Francisco, irmão do Carlos Tenente que mora do lado da rodoviária?”
Não, Senhora. Você não teria ligado errado?”
“Tá bom, meu filho, desculpe, viu?”
Alguns minutinhos depois:
“Francisco? É a Gerdileusa. A gente tamo aqui..”
“Perdão, Senhora, mas você ligou errado..”. – sou interrompido
Olhe, meu filho, diga para Francisco deixar de preguiça que eu tou ligando pro número que sempre ligo. Chame ele aí e diga que a gente tá esperando.”
Interrompo: “Mas, Senhora, deve estar ocorrendo algum problema, pois este número não é do Francisco”
“É SIM, É SIM, É SIM.”
Ora da discussão ficar madura. Minha resposta: “Não é, não é, e não é mil vezes”.
“Ai é meu filho? Pois diga pro Francisco ir pra China, ora bosta”
Desligou e nunca mais voltou a falar com o Francisco.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
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